quinta-feira, 28 de abril de 2016

A crise do império e a república que não nasceu tão brasileira assim.
Prof. Rodrigo Teófilo Lustosa
 Queridos alunos o império brasileiro ao final do século XIX, já mostrava sinais de desgaste. O mundo já se “iluminava” com novas ideias tais, como progresso, livre comércio, liberdade para os escravos e república.
Por aqui no nosso amado país, que a muito tempo vivia o sistema de plantation (economia de monocultura, realizada em latifúndios, com mão de obra escrava e voltada para a exportação). Todo o sistema brasileiro já era visto como atrasado e fatalmente esse “atraso” cobraria seu preço.
O império começaria a ruir quando perdeu três de seus principais pilares de sustentação: A elite cafeicultora paulista, a igreja e os militares. Para melhor entendimento vamos explica-las uma a uma:
Crise no escravismo brasileiro:
O mundo da segunda metade do século XIX estava em crescente mudança, as grandes potências europeias buscavam novos mercados consumidores para seus produtos industrializados. O Brasil nessa época era intensamente dependente do capital inglês.
A Inglaterra buscava tornar a África dependente de seu capital e produtos como fez no Brasil, para obter êxito pressionou Portugal depois o Brasil para que abolissem a escravidão. A pressão ficou evidente quando o parlamento inglês criou o bill aberdeen lei que permitia que a frota inglesa abordasse e aprisionasse qualquer navio que transportassem escravos.
Mesmo com a perseguição inglesa no mar o tráfico de escravos não acabou, foi então que pressionado pelo governo inglês o Brasil aprova a Lei Euzébio de Queiros, que impedia o tráfico negreiro no Brasil. 
A redução da mão de obra no Brasil passou ser visto pelas elites como um problema social e econômico, tendo em vista que como o número de escravos era menor e isso provocou o aumento da violência contra os mesmos. O medo das revoltas escravas fazia as elites cafeicultoras do Sudeste buscar uma solução. Os produtores do Nordeste por sua vez defendiam a manutenção da escravidão, pois tinham medo de perder seu poder político.
A questão se agravou com a guerra do Paraguai em que o imperador prometeu liberdade para os escravos e indenização financeira para os respectivos donos. O governo não cumpre por completo com o acordo.
Na tentativa de resolver o problema o império brasileiro cria as seguintes leis:
Lei do Vente Livre: Libertava todos os escravos nascidos nas senzalas.
Lei dos Sexagenários: Libertava todos escravos com mais de 60 anos.
Lei Aurea: Libertava todos os escravos sem restrições.
Questão militar:
O exército brasileiro até a guerra do Paraguai era desprestigiado pela sociedade e pelo próprio governo e também sofria ações muito diretas do imperador, o que descontentava boa parte dos oficiais de carreira. Esse quadro muda muito após a guerra. Mota e Lopez (2008, p.524) afirmam que “com o fim da guerra, o exército ganhara importância social e política, sendo, entretanto, seus quadros de classes médias urbanas antagonizados pela Guarda Nacional. Com efeito, ele se tornara mais representativo da sociedade que se urbanizava”.
Os militares agora cientes de sua importância e já seduzidos pelas ideias do iluminismo, principalmente o positivismo passam a defender as ideias de república e abolicionismo.
 Esses militares começam a expor suas opiniões nos jornais da época e tornam-se constantemente alvos de censura e punições por parte do governo, o que torna o clima cada vez mais insustentável entre essas duas forças.
Questão religiosa:
O Império brasileiro herdou uma antiga tradição de Portugal no tocante a religião, o padroado Régio esse por sua vez significava que todas as bulas (decretos do Papa) e todas as mensagens enviadas pelo Papa deveriam ser aprovadas pelo imperador para ter validade.
Isso não representava nenhum problema até então se não fosse a política de purificação da Igreja pelo Papa Pio IX, essa purificação consistia em excomungar (expulsar) os maçons da Igreja. O problema dessa política com relação ao Brasil é que a um grande segmento da elite brasileira eram maçons, inclusive o próprio imperador.
A ordem expressa pelo papa por meio da bula syllabus era o de expulsar todos os maçons da Igreja, ordem que o Imperador não aceita.
O estopim da crise foi quando um padre proferiu um discurso em favor da lei Aurea usando jargões maçônicos e foi punido por isso. O imperador considerou a punição dada ao padre como uma ofensa grave ao imperador.
Os bispos responsáveis pela punição ao padre por sua vez foram punidos pelo imperador:
[....]Processados, os bispos foram punidos, 1874, com quatro anos de prisão com trabalhos, pena logo transformada pelo imperador em prisão simples. Não bastou tal medida. A opinião levantou-se em todos os quadrantes [...] O governo viu-se obrigado a voltar a trás, concedendo anistia aos bispos em 17 de setembro de 1875. Mas o erro estava feito. (Mota e Lopez, 2008, p.528)

Como pode se perceber é a ruptura definitiva da Igreja com o Império, o que iria se configurar em um golpe duro a monarquia.
O governo provisório:
Como pudemos perceber depois de tantas crises o governo imperial se torna insustentável. Os militares após sofrerem algumas punições por atos provocativos ao imperador em fim decidem organizar-se e dar o golpe definitivo.
O líder escolhido pelo clube militar foi o Marechal Deodoro da Fonseca, em 1889 toma o poder e expulsa todos os funcionários e políticos Monarquistas e convoca a Assembleia Nacional Constituinte.
Logo após em 1891 Deodoro é eleito de forma indireta (por parlamentares). E assim tem inicio o regime político-administrativo atual do Brasil.
A crise do encilhamento
encilhamento foi uma medida tomada no governo provisório para estimular o crescimento econômico e acelerar o desenvolvimento da indústria brasileira. A especulação financeira foi iniciada em janeiro de 1890 pelo então ministro da Fazenda Rui Barbosa. O movimento produziu um alvoroço na Bolsa de Valores do Rio de Janeiro e nos demais centros financeiros do Brasil.
O encilhamento, na verdade, foi a permissão que o governo brasileiro deu para os bancos do país (Rio Grande do Sul, Bahia, São Paulo e Rio de Janeiro) emitirem grandes quantidades de moeda. O intuito era que, com isso, conseguissem pagar os salários dos operários fazendo com que novas fábricas e indústrias surgissem.
Porém, o plano entrou em crise quando os bancos começaram a emitir quantidades de dinheiro maiores do que o necessário. Um grande número de moedas entrou no mercado circulante, mas não correspondia ao que a economia produzia de verdade, isso acabou resultando em uma grande inflação (aumento desenfreado de todos os preços).
Para manter a estabilidade econômica em um regime capitalista, é necessário o equilíbrio entre a quantidade da moeda circulante (dinheiro) e a totalidade dos serviços e bens oferecidos. Quando uma parte pesa mais que a outra, os preços sobem e a moeda cai, gerando a alta dos preços (inflação). (Felipe Araújo, 2010)

Considerações finais
Nosso país viveu séculos de dominação pela metrópole Portugal, logo em seguida torna-se um império. Em ambos os regimes a participação popular na vida pública era inexistente.
Ao final do século XIX o mundo havia mudado muito e a idéia de republica tornava-se cada vez mais atraente. Alguns grupos poderosos seduzidos pela oportunidade de obter poder político, colocam em marcha um golpe militar e mudam a estrutura político/administrativa desse país.
Contudo esse não foi de forma alguma um movimento popular com ramificações mais extensas e uma grande parte da população brasileira assistiu atônita essa movimentação toda.
Os reflexos dessa pouca participação popular sãos as crises que estudaremos mês que vem, e nos dias atuais a pouca noção que as pessoas possuem sobre o funcionamento da Republica e consequentemente do regime democrático, isso provoca uma inércia de participação na tomada de decisões no país e colabora para a permanência de um sistema profundamente afetado pela incompetência e corrupção.
Referências
Mota, Carlos Guilherme e Lopez, Adriana. História do Brasil uma interpretação. 1° ed. SENAC: São Paulo. 2008.


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